Brasília e suas peculiaridades
Brasília é um mercado bastante distinto do resto do Brasil. A vida, os negócios e, consequentemente, o mercado imobiliário giram em torno da política e da esfera pública. Com o segundo maior PIB per capita do Brasil (R$40.696,00 anuais) — superado apenas por Vitória – a cidade tornou-se um importante polo de atração demográfico.
De acordo com o Censo de 2010, a capital federal possui 2,57 milhões de moradores e é a quarta cidade mais populosa do Brasil. Nos últimos dois anos, segundo dados do IBGE, recebeu 78mil moradores. Além do crescimento demográfico natural, Brasília, assim como o Distrito Federal, tem uma peculiaridade em relaçãoao restante do Brasil: a migração. Principalmente de profissionais com nível superior. “O potencial de crescimento da região e demanda por imóveis é muito grande”, afirma João Antônio Gonçalves Guerra Neto, superintendente de negócios no Centro-Oeste da Brookfield Incorporações.
Estudo divulgado pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon) e publicado recentemente no Correio Brasiliense indica que, em 2030, o Distrito Federal terá entre 3,5 e 4 milhões de pessoas, um incremento de até 1,5 milhão de habitantes. Trata-se de uma população jovem: 42,2% têm até 24 anos, 34,7% entre 25 e 44 anos, 15,4% estão entre 5 e 59 anos e 8% já passaram dos 60.
Concebida nos anos 60, Brasília e seu Plano Piloto (nome do plano urbanístico da cidade projetada por Lúcio Costa) já está com o potencial construtivo praticamente esgotado. Resta apenas a região Noroeste, cujos lotes já foram leiloados pela Terracap (empresa do governo), para ser construída. “Calcula-se que cerca de 80 mil pessoas morem lá quando estiver tudo pronto, o que vai gerar demanda de serviços, comércio e hospitais. Deverá haver uma reocupação da Asa Norte, com boas oportunidades também”, diz Guerra Neto.
O esgotamento do Plano Piloto tornou quase obrigatória a expansão do entorno, as chamadas cidades satélite. A infraestrutura que chegou e chega à região está sendo acompanhada de um importante desenvolvimento imobiliário. Antes consideradas apenas cidades dormitórios, habitadas por moradores de baixa renda e sem identidade própria, cidades como Gama, Águas Claras e Taguatinga tiveram uma mudança importante em seu perfil. Desenvolveram-se e começaram a receber moradores do Plano Piloto em busca de mais espaço e conforto com preços de imóveis e um custo de vida mais baixo que a capital federal.
De acordo com o superintendente da Brookfield Incorporações, a empresa já tem uma presença consolidada na região. Tem forte atuação em Águas Claras e, mais recentemente, tem investido em outras cidades, como Taguatinga, e estudado oportunidades em Ceilândia e Samambaia. “Em função da construção da sede do Governo do Distrito Federal em Taguatinga, previsto para ser concluído até o fim do atual governo, a região, que ainda têm grandes terrenos vazios, terá uma grande concentração de lançamentos”, explica Neto. Ceilândia e Samambaia, as duas cidades mais próximas da nova sede administrativa também devem se desenvolver e se beneficiar. A nova sede levará para Taguatinga cerca de 15 mil funcionários. Ao todo, serão 15 prédios em uma área total construída de 178 mil metros quadrados.
De acordo com Neto, o mercado imobiliário do Distrito Federal viveu cerca de três anos excepcionais, até 2011, com um volume de lançamentos e vendas muito forte. A partir deste ano, houve diminuição do volume de lançamentos, como aconteceu no mercado nacional. “No primeiro semestre, os compradores estavam mais cautelosos de assumir investimentos de longo prazo, mas agora o mercado já dá sinais de reaquecimento.”
Este é o primeiro de uma série especial de três textos sobre os principais mercados imobiliários do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
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