Reformas que valem um apê
O Globo -
Obra e decoração podem sair pelo valor de um pequeno imóvel na Zona
Sul

Obra em cobertura de luxo na Barra, executada pelo arquiteto Jairo de
Sender, deve consumir o mesmo valor pago pelo proprietário no imóvel -
LEO MARTINS
Os preços de casas e apartamentos subiram? Pois o custo de reformar
e mobiliar também. Segundo arquitetos, um projeto que inclua obras e
decoração sai hoje, em média, por 30% do valor do imóvel. Com isso, o
gasto para o proprietário pode ser equivalente ao necessário para comprar
outro apartamento. Mesmo que menor e num bairro diferente.
Além do quebra-quebra em si e da mão de obra, a grande vilã da reforma é
a marcenaria. Em lojas de modulados que fazem armários sob medida, os
valores para mobiliar um três-quartos e a cozinha são, muitas vezes, os
mesmos que os de pequenos imóveis conjugados em bairros como Flamengo
e Laranjeiras: cerca de R$ 250 mil. E, se além dos modulados, a compra incluir
estantes, painéis, racks para tevês e armários para banheiro, parece não haver
limites para esses valores. Numa cobertura de 600 metros quadrados na Barra,
decorada pela arquiteta Patricia Fiúza, por exemplo, foram gastos cerca de
R$ 570 mil na marcenaria de três quartos, sala e home-theater. Valor que
compra um quarto e sala com dependências em Copacabana ou no Leme e
até um dois-quartos em Botafogo e no Flamengo.
— De maneira geral, armários e marcenaria custam 50% do valor da decoração.
São produtos com muitas tecnologias embutidas nas portas e gavetas. E, quanto
mais sofisticados, mais caros — explica a arquiteta.
A despesa com mão de obra é outra grande responsável pelo encarecimento
das reformas. Só nos seis primeiros meses deste ano, esse custo subiu cerca
de 10,35% no setor da construção civil, o que acaba impactando também os
salários de profissionais autônomos, tanto os formais como informais.
— Os profissionais estão aproveitando o aumento da demanda, o aquecimento
do mercado — ressalta Antonio Carlos Mendes, diretor executivo do Sindicato
da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-Rio).
E Mendes está certo. Um pedreiro ou pintor que, no início do ano passado, cobrava
uma diária em torno de R$ 80, atualmente pede até R$ 150. Ajudantes de pedreiro
tiveram a diária dobrada: de R$ 40 para R$ 80.
— Hoje, a gente precisa chorar muito para conseguir uma redução. O jeito é baixar
a margem de lucro — conforma-se o empreiteiro Eduardo Moraes.
No geral, o valor médio a pagar por uma obra de padrão mediano varia entre R$ 1.500
e R$ 2 mil, o metro quadrado. Fora o projeto do arquiteto, que cobra de acordo com o
que for feito, mas está saindo entre R$ 100 e R$ 200, o metro quadrado.
— O tipo de material a ser usado deve ser compatível com o padrão do imóvel. A pia
da cozinha, por exemplo, pode ser de granito São Gabriel (o mais barato) ou silestone.
Basta saber se vale a pena investir no que é mais caro — destaca o arquiteto Marcelo
Possidônio.
Mas quando o imóvel vale o investimento em melhorias e materiais de melhor qualidade,
o céu pode ser o limite.
Alto luxo pode dobrar valor de reforma
Você quer voar de econômica, executiva ou primeira classe? É com essa pergunta
que o arquiteto Jairo de Sender costuma começar as reuniões com seus clientes.
Parece uma brincadeirinha, mas a resposta é essencial para o sucesso da obra.
— O que vale é o que a pessoa tem como sonho. Não mexo no bolso do cliente.
É ele quem define o que quer e a primeira classe sempre vai ter confortos que a
econômica não tem — avalia de Sender.
E esse custo, do alto luxo, pode chegar ao valor do próprio imóvel. Além da
marcenaria, projetos exclusivos de iluminação e automação costumam encarecer
bastante o projeto.Na reforma de um apartamento de quatro quartos no condomínio
Península, as arquitetas Claudia Pimenta e Patricia Franco devem gastar cerca de
R$ 600 mil, o que inclui equipamentos e armários de cozinha e quartos, iluminação
e automação apenas, já que o imóvel é novo. Já a obra de uma cobertura na Barra,
executada por de Sender, está custando o mesmo valor do imóvel, segundo seu
proprietário. Ali, só a iluminação deve custar R$ 90 mil (fora lustres e luminárias
decorativas) e ainda tem armários (R$ 230 mil), spa (entre R$ 35 mil e R$ 80 mil)
e todo o mobiliário. As cadeiras da sala de jantar, que são oito, por exemplo, vão
custar entre R$ 1 mil e R$ 3 mil, cada uma, a escada que liga os dois andares do
imóvel dúplex será toda de mármore, e ainda devem entrar obras de arte, objetos de
design assinado...
— A reforma tem fatores imutáveis que são as necessidades de boas instalações
elétricas e hidráulicas. Na decoração, o cliente pode escolher se quer Zara ou Prada —
compara de Sender.
Quando o dinheiro é mais curto, a opção é investir nas melhorias estruturais e comprar
peças de decoração mais básicas que podem ser trocadas depois.
— Tenho clientes que moram na Lagoa e compram sofás de mil reais. O importante é
não abrir mão da qualidade da mão de obra e dos materiais — ensina Marcelo Possidônio
Obra e decoração podem sair pelo valor de um pequeno imóvel na Zona
Sul
Obra em cobertura de luxo na Barra, executada pelo arquiteto Jairo de
Sender, deve consumir o mesmo valor pago pelo proprietário no imóvel -
LEO MARTINS
Os preços de casas e apartamentos subiram? Pois o custo de reformar
e mobiliar também. Segundo arquitetos, um projeto que inclua obras e
decoração sai hoje, em média, por 30% do valor do imóvel. Com isso, o
gasto para o proprietário pode ser equivalente ao necessário para comprar
outro apartamento. Mesmo que menor e num bairro diferente.
Além do quebra-quebra em si e da mão de obra, a grande vilã da reforma é
a marcenaria. Em lojas de modulados que fazem armários sob medida, os
valores para mobiliar um três-quartos e a cozinha são, muitas vezes, os
mesmos que os de pequenos imóveis conjugados em bairros como Flamengo
e Laranjeiras: cerca de R$ 250 mil. E, se além dos modulados, a compra incluir
estantes, painéis, racks para tevês e armários para banheiro, parece não haver
limites para esses valores. Numa cobertura de 600 metros quadrados na Barra,
decorada pela arquiteta Patricia Fiúza, por exemplo, foram gastos cerca de
R$ 570 mil na marcenaria de três quartos, sala e home-theater. Valor que
compra um quarto e sala com dependências em Copacabana ou no Leme e
até um dois-quartos em Botafogo e no Flamengo.
— De maneira geral, armários e marcenaria custam 50% do valor da decoração.
São produtos com muitas tecnologias embutidas nas portas e gavetas. E, quanto
mais sofisticados, mais caros — explica a arquiteta.
A despesa com mão de obra é outra grande responsável pelo encarecimento
das reformas. Só nos seis primeiros meses deste ano, esse custo subiu cerca
de 10,35% no setor da construção civil, o que acaba impactando também os
salários de profissionais autônomos, tanto os formais como informais.
— Os profissionais estão aproveitando o aumento da demanda, o aquecimento
do mercado — ressalta Antonio Carlos Mendes, diretor executivo do Sindicato
da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-Rio).
E Mendes está certo. Um pedreiro ou pintor que, no início do ano passado, cobrava
uma diária em torno de R$ 80, atualmente pede até R$ 150. Ajudantes de pedreiro
tiveram a diária dobrada: de R$ 40 para R$ 80.
— Hoje, a gente precisa chorar muito para conseguir uma redução. O jeito é baixar
a margem de lucro — conforma-se o empreiteiro Eduardo Moraes.
No geral, o valor médio a pagar por uma obra de padrão mediano varia entre R$ 1.500
e R$ 2 mil, o metro quadrado. Fora o projeto do arquiteto, que cobra de acordo com o
que for feito, mas está saindo entre R$ 100 e R$ 200, o metro quadrado.
— O tipo de material a ser usado deve ser compatível com o padrão do imóvel. A pia
da cozinha, por exemplo, pode ser de granito São Gabriel (o mais barato) ou silestone.
Basta saber se vale a pena investir no que é mais caro — destaca o arquiteto Marcelo
Possidônio.
Mas quando o imóvel vale o investimento em melhorias e materiais de melhor qualidade,
o céu pode ser o limite.
Alto luxo pode dobrar valor de reforma
Você quer voar de econômica, executiva ou primeira classe? É com essa pergunta
que o arquiteto Jairo de Sender costuma começar as reuniões com seus clientes.
Parece uma brincadeirinha, mas a resposta é essencial para o sucesso da obra.
— O que vale é o que a pessoa tem como sonho. Não mexo no bolso do cliente.
É ele quem define o que quer e a primeira classe sempre vai ter confortos que a
econômica não tem — avalia de Sender.
E esse custo, do alto luxo, pode chegar ao valor do próprio imóvel. Além da
marcenaria, projetos exclusivos de iluminação e automação costumam encarecer
bastante o projeto.Na reforma de um apartamento de quatro quartos no condomínio
Península, as arquitetas Claudia Pimenta e Patricia Franco devem gastar cerca de
R$ 600 mil, o que inclui equipamentos e armários de cozinha e quartos, iluminação
e automação apenas, já que o imóvel é novo. Já a obra de uma cobertura na Barra,
executada por de Sender, está custando o mesmo valor do imóvel, segundo seu
proprietário. Ali, só a iluminação deve custar R$ 90 mil (fora lustres e luminárias
decorativas) e ainda tem armários (R$ 230 mil), spa (entre R$ 35 mil e R$ 80 mil)
e todo o mobiliário. As cadeiras da sala de jantar, que são oito, por exemplo, vão
custar entre R$ 1 mil e R$ 3 mil, cada uma, a escada que liga os dois andares do
imóvel dúplex será toda de mármore, e ainda devem entrar obras de arte, objetos de
design assinado...
— A reforma tem fatores imutáveis que são as necessidades de boas instalações
elétricas e hidráulicas. Na decoração, o cliente pode escolher se quer Zara ou Prada —
compara de Sender.
Quando o dinheiro é mais curto, a opção é investir nas melhorias estruturais e comprar
peças de decoração mais básicas que podem ser trocadas depois.
— Tenho clientes que moram na Lagoa e compram sofás de mil reais. O importante é
não abrir mão da qualidade da mão de obra e dos materiais — ensina Marcelo Possidônio
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